segunda-feira, 20 de maio de 2013

Alcoolismo



alcoolismo

Entrevista cedida pela psicóloga  Marisa Graziela Marques Morais para a revista do Santuário de Nossa Senhora Aparecida


1 – O que é Alcoolismo?

Psicóloga: A dependência constitui-se basicamente numa relação alterada entre o usuário e o seu modo de consumo de uma substância psicoativa. O alcoolismo, especificamente, é uma doença crônica do cérebro com características de comportamento compulsivo e tendências a recaídas.

2 – Principais Sintomas do alcoolismo


Psicóloga: ABUSO X DEPENDÊNCIA

É importante diferenciar o consumo abusivo do álcool, de quadros de Dependência, pois o tratamento é totalmente diferente.
Para fazer o diagnóstico de uso problemático do álcool, basta fazer as perguntas do questionário CAGE (a seguir).
a) Alguma vez você sentiu que deveria diminuir a quantidade de bebida ou parar de beber?
b) As pessoas o aborrecem porque criticam seu modo de beber?
c) Você se sente culpado ou chateado consigo mesmo pela maneira com que costuma beber?
d) Você costuma beber pela manhã para diminuir o nervosismo ou a ressaca?
Uma pontuação positiva de um ou dois itens é considerada clinicamente significativa

Já o Diagnóstico de Alcoolismo deve ser feito quando preenchidos pelo menos 3 dos critérios a seguir, pensando-se sempre nos últimos 12 meses:

- TOLERÂNCIA ; necessidade de quantidades cada vez maiores de álcool.
- ABSTINÊNCIA ; sintomas físicos e psíquicos que aparecem quando o consumo é reduzido ou retirado, por exemplo, tremores, irritabilidade, sudorese, aumento da Pressão Arterial, etc.
COMPULSÃO; desejo incontrolável de beber. A pessoa imagina-se incapaz de ficar em abstinência.
ALÍVIO OU EVITAÇÃO DA ABSTINÊNCIA PELO AUMENTO DO CONSUMO DE BEBIDAS; a pessoa passa a beber preventivamente para evitar os sintomas da abstinência, acima descritos.
RELEVÂCIA DO CONSUMO; beber torna-se prioridade.
ESTREITAMENTO OU EMPOBRECIMENTO DO REPERTÓRIO; à medida que o alcoolismo avança o consumo passa a ocorrer em locais inapropriados como por exemplo no local de trabalho.
REINSTALAÇÃO DA SÍNDROME DA DEPENDÊNCIA;  Desejo ou esforços malsucedidos no sentido de reduzir ou controlar o uso da substância.

3- Ter necessidade de beber todos os finais de semana pode ser indício de alcoolismo?


Psicóloga: Sim. Ao longo da vida cada um desenvolve um PADRÃO particular de consumo de álcool. Assim, ainda que seja so aos finais de semana podemos ter indícios de alcoolismo.

4 _ O alcoolismo é um tipo de dependência química? Por quê?

Psicóloga: Sim, embora se trate de uma droga lícita, (estocamos em nossas próprias casas) altera o funcionamento normal do cérebro, assim o que muda é o tipo de droga, (lícita ou ilícita) mas o diagnóstico, evolução e tratamento é igual ao de qualquer droga.

5 – O alcoolismo tem cura?


Psicóloga: Não. Como toda a dependência química, é uma doença crônica, insidiosa (retorna a qualquer tempo) e fatal (leva à morte). Contudo é uma doença EVITÁVEL e que pode ter controle. Este controle é de inteira responsabilidade do paciente. Nem o médico, psicólogo ou família tem a capacidade de controlar a doença.

6 – Quais os principais tratamento para o alcoolismo


Psicóloga: Com o advento da pesquisa cientifica, vários tipos de tratamento se encontram hoje disponíveis para os pacientes.
A SINAPSE, oferece o que há de mais moderno em termos de técnicas terapêuticas e modelos de tratamento;

Tratamento ambulatorial ; indicado para aquele paciente que tem crítica quando à sua dependência, os prejuízos ainda não são graves e este aceita o tratamento.

Internação voluntária ; o paciente pede ajuda pois percebe que perdeu o controle sobre o beber.

Internação involuntária; O indivíduo perdeu o controle sobre sua vida e suas escolhas.
Tratamento assumido pela família e médico psiquiatra. Indicado para paciente com sintomas graves, sua vida já está em risco de morte.

Tratamento Familiar ; a família desenvolve, concomitantemente uma síndrome denominada co-dependência. O paciente bebe mas à sua volta todos os familiares adoecem junto. Por isto chamamos o alcoolismo de doença familiar. Assim, para um tratamento mais eficiênte é necessários que a família também entre em tratamento.


8) Quanto tempo dura o tratamento?


Psicóloga: A duração do tratamento está diretamente relacionada com o diagnóstico, gravidade do alcoolismo e evolução do paciente. De modo geral o tratamento é para um longo período, modificando-se a modalidade, conforme a evolução ou gravidade.
Por ser uma doença crônica o paciente após alcançar a abstinência deve passar para um programa de manutenção desta abstinência, que deverá ser planejada por profissional competente. Assim, dependendo do paciente poderá ser encaminhado para continuidade em psicoterapia, farmacoterapia, acompanhamento com médico psiquiatra e ou Grupo de Anônimos. No geral o recomendado é uma combinação destas modalidades por período superior a 3 anos.

9 – É fundamental que o Dependente Quimico esteja disposto a se tratar?


Psicóloga: Não. O paciente evolui em estágios de motivação. Temos aqueles que não cogitam a mudança, estágio conhecido como negação. Outros podem reconhecer que podem vir a ter problemas com o seu consumo, mas ainda assim valorizam os benefícios que têm com o consumo de bebidas alcoólicas.
No geral, a grande maioria dos pacientes passa pela fase de ambivalência, situação onde os prós e contras sobre a idéia de beber e a abstinência vêm à tona o tempo todo. O paciente quer e não quer se tratar, ao mesmo tempo. Aqui cabe à família e profissionais da saúde motivarem o paciente para o tratamento.

11- Pessoas carentes e o acesso ao tratamento


Psicóloga: A Dependência Química tornou-se uma preocupação da saúde pública, no Brasil e no mundo. Com isto tanto as instituições governamentais como diversas Ongs e instituições religiosas vêm democratizando o tratamento. O acesso é bem mais facilitado, se comparado à alguns anos atrás. Penso que o importante é que a sociedade se mantenha atento às qualificações dos profissionais destas organizações. Não basta dar acesso a tratamento mas fiscalizar e tratar pacientes e familiares com respeito e competência.

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